top of page

O Pantanal que você não conhece: Porto Esperança

  • Foto do escritor: tremdopantanal
    tremdopantanal
  • 10 de out.
  • 3 min de leitura

Trem do Pantanal: Porto Esperança
Trem do Pantanal: Porto Esperança

No coração do Pantanal sul-mato-grossense, às margens do Rio Paraguai, o distrito de Porto Esperança, em Corumbá (MS), possui cerca de 130 a 150 pessoas, distribuídas em 56 famílias é um lugar de imensa importância histórica, cultural e ambiental.


De um passado de progresso ferroviário a um presente de incertezas, o Porto Esperança sobrevive como símbolo da resistência ribeirinha e da luta por preservação no Pantanal.


Fundado no início do século XX, Porto Esperança nasceu com a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), inaugurada em 1912. Por décadas, o distrito foi ponto estratégico de carga e passageiros, ligando o interior do país ao Rio Paraguai. Na época a comunidade dispunha de feira, correio, e intensa vida comunitária.



Trem do Pantanal: Ponte Eurico Gaspar Dutra
Trem do Pantanal: Ponte Eurico Gaspar Dutra

Outro ícone dessa época é a ponte ferroviária Eurico Gaspar Dutra, inaugurada em 1947, com cerca de dois quilômetros de extensão sobre o Rio Paraguai. Hoje, o monumento é tombado como patrimônio histórico, e é um marco da engenharia e da memória pantaneira.


Com o fim do transporte de passageiros por ferrovia,  Porto Esperança ficou apenas como mais uma comunidade isolada no Pantanal. O trem continuou seu curso mas agora transportando apenas o minério.






Para os moradores, o progresso chegou com caminhões carregados de minério e a construção de uma nova estrada, mas não é o suficiente para os que residem no local que carecem de políticas públicas e novas oportunidades de emprego.


As queixas dos moradores são recorrentes, principalmente com a relação a poeira, falta de infraestrutura para a pequena comunidade. Os ribeirinhos lutam por mais benefícios econômicos. Existe uma luta diária para não perder a sua identidade de comunidade “tradicional ribeirinha”.


As famílias ribeirinhas de Porto Esperança sobrevivem da pesca e de pequenos serviços ligados ao turismo. Durante o período de defeso, quando a pesca é proibida, os ribeirinhos dependem do seguro defeso. O solo argiloso e a poeira diária praticamente inviabiliza a agricultura de subsistência.


Trem do Pantanal: Escola Municipal Rural Polo Porto Esperança e Extensões
Trem do Pantanal: Escola Municipal Rural Polo Porto Esperança e Extensões

A Escola Municipal Rural Polo Porto Esperança e Extensões atende do pré-escolar ao 9º ano, com apenas 25 alunos em salas multisseriadas, os 4 professores que lecionam na escola vêm de Corumbá. A educação é um desafio diário e busca manter o ensino regular.


O Centro de Apoio em Saúde é o local aberto a cada 15 dias para os atendimentos eletivos. Não há médicos residentes, nos casos de emergência são atendidos em Corumbá.


Os ribeirinhos convivem com pouca infraestrutura, dispõem de água tratada mas enfrentam quedas frequentes de energia, sinal de celular é inexistente e a internet somente via satélite. No local existem apenas três pequenos comércios.


Porto Esperança é uma área visada para empreendimentos logísticos e portuários, é um ponto-chave nas rotas de escoamento de commodities. A preocupação dos moradores é que a modernização venha acompanhada de deslocamento de famílias e fragmentação cultural.


Trem do Pantanal: Centro de Apoio em Saúde
Trem do Pantanal: Centro de Apoio em Saúde

Inserido no bioma do Pantanal, Porto Esperança está cercado por ecossistemas sensíveis. As hidrovias e portos no Rio Paraguai podem agravar impactos ambientais. Qualquer avanço em infraestrutura precisa considerar o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação.



Melhorias e progresso quando feito com diálogo e respeito, podem estimular o turismo de base comunitária, a pesca sustentável e a valorização cultural local, são caminhos possíveis para o futuro.


Mesmo diante das adversidades, Porto Esperança mantém viva sua identidade e representatividade, a comunidade é representada pela Associação de Moradores da Comunidade Tradicional dos Corixeiros de Porto Esperança que atua em defesa dos direitos ribeirinhos e na preservação da memória local.


A cultura pantaneira segue seu curso em cada novo desafio, a cada travessia de barco e nas histórias que resistem à poeira do minério. Enquanto o minério segue viagem, a comunidade fica e luta para ter, saúde, educação e reconhecimento.



Trem do Pantanal: Ponte Eurico Gaspar Dutra
Trem do Pantanal: Ponte Eurico Gaspar Dutra

Porto Esperança é, um lugar que liga o passado ferroviário ao presente mineral, onde o futuro depende de políticas que conciliem justiça social, sustentabilidade ambiental e valorização cultural.Se o trem simboliza o progresso que passou sem parar, os moradores representam o símbolo do pantaneiro que preserva e luta diariamente para conservar nossas riquezas naturais.


Em suma, o Porto Esperança é mais um extrato do nosso Pantanal: natureza deslumbrante, cultura viva e um povo resiliente. Entre a beleza dos ipês e o barulho das araras, ressoa a luta silenciosa de um povo que insiste em ficar.



 
 

Trem do Pantanal

bottom of page