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Movimento da Agricultura Familiar (MAF): Uma Jornada de Resistência e Esperança

Corumbá 25 de abril de 2024

Reunião no acampamento do MAF.


No coração do Brasil, onde o verde da esperança contrasta com as adversidades do campo, encontra-se um grupo de pessoas dedicadas a luta pela reforma agrária e um movimento que luta incansavelmente pelos direitos e pela dignidade das famílias rurais: o Movimento da Agricultura Familiar (MAF). Conversei com Valdirene, popularmente conhecida com Dona Val, uma cozinheira de profissão, uma ativista por convicção e uma lutadora incansável dentro do MAF, cujas palavras ressoam com a força e a resiliência de todo um povo.


Dona Valdirene, na apresentação do Programa Terra da Gente

para reforma agrária do Governo Federal, em Brasília.

Dona Val nos leva em uma viagem através da história do MAF, desde sua fundação em 2008, quando três visionários, incluindo o ex-líder Rodionei Merlin Coutinho, decidiram criar um movimento que continuasse a luta pela terra e pela justiça no Brasil, passando por 2010, ano em que ela se engajou na causa chegando aos dias atuais, nas reuniões recentes com o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e na apresentação do Programa Terra da Gente para reforma agrária do Governo Federal, em Brasília. Ela ainda nos conta sobre os altos e baixos dessa jornada, desde as dificuldades enfrentadas nos acampamentos às esperanças renovadas com as recentes mudanças políticas.


O MAF, diferentemente de outros movimentos sociais, opta por uma abordagem mais pacífica, evitando ocupações e bloqueios de estradas sempre que possível. O MAF se dedica à conscientização, à organização interna e ao diálogo com as autoridades competentes. Dona Val enfatiza a importância desse caminho, mesmo que árduo, e a necessidade de persistir com fé e determinação. No entanto, Dona Val reconhece que, em certos momentos, medidas um pouco mais enérgicas são necessárias para chamar a atenção das autoridades e garantir que as promessas feitas sejam cumpridas.


Uma das características marcantes do movimento é sua estrutura interna e seu compromisso com a transparência e a democracia. As famílias acampadas participam ativamente das decisões, discutindo projetos, elegendo representantes e mantendo viva a chama da conscientização política. É uma comunidade unida pela luta por um futuro melhor, não apenas para si mesmos, mas para as gerações vindouras.


A jornada do MAF não tem sido fácil. Ao longo dos anos, enfrentaram desafios enormes, desde a falta de recursos básicos como a falta de água potável, a ausência de saneamento básico nos acampamentos até a falta de reconhecimento por parte das autoridades. Apesar das dificuldades enfrentadas no acampamento, muitas famílias continuam a residir lá, principalmente aqueles que são aposentados e preferem a vida comunitária. Ainda assim, mesmo diante das adversidades, o movimento permanece firme em sua missão, alimentado pela esperança de um amanhã mais justo e igualitário.


Recentemente, com a mudança de governo e o retorno do presidente Lula ao poder, as perspectivas para a reforma agrária ganharam novo fôlego. Valdirene compartilha sua experiência emocionante em uma reunião com a equipe do presidente Lula, onde foram discutidos projetos e acordos que podem beneficiar grandemente o MAF e outros movimentos sociais que lutam pela terra. Há uma sensação palpável de otimismo no ar, à medida que o governo se compromete a priorizar a reforma agrária e a dar voz às necessidades das famílias camponesas.


Dona Val destaca ainda a importância do apoio político para o movimento, embora ressalte que isso não se traduz em troca de votos. Os políticos que ajudam o MAF são aqueles que demonstram compaixão e comprometimento com as necessidades das famílias rurais, proporcionando melhorias tangíveis, como acesso à água potável e assistência em projetos de reforma agrária.


Reunião no acampamento do MAF

Quanto ao governo anterior, Dona Val descreve anos de luta e frustração, com pouco progresso sendo feito para a reforma agrária. No entanto, ela está otimista em relação ao futuro, especialmente com o retorno do presidente Lula e sua equipe, que prometem mudanças significativas que podem finalmente trazer esperança e progresso para as comunidades rurais.


Em última análise, a história de Dona Val e do Movimento da Agricultura Familiar é uma história de resistência, de coragem e de esperança. Eles enfrentaram muitos desafios ao longo dos anos, mas sua determinação em alcançar a justiça social e a igualdade no campo continua inabalável. É uma lembrança poderosa de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da mudança ainda brilha no horizonte. E com pessoas como Dona Val liderando o caminho, podemos ter certeza de que essa luz nunca se apagará.

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