ÍNDIOS REJEITAM DIRETORA DE ESCOLA ELEITA COM OITO VOTOS
- tremdopantanal

- 27 de jan. de 2016
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Índios terena da aldeia Aldeinha de Anastácio estão ocupando pacificamente a Escola Estadual Indígena Guilhermina da Silva desde o dia 3 de dezembro de 2015 na tentativa de evitar a posse da professora Nely de Souza Malheiros Anderson na direção do estabelecimento de ensino. Nas eleições realizadas no dia 2 dezembro, ela foi candidata única e obteve oito votos contra 228 em branco.
Apesar disso, o sistema eletrônico da Secretaria Estadual de Educação (SED) confirmou que a professora estava eleita, revoltando a comunidade indígena que passou a ocupar o local. O cacique Eneas da Silva já levou o caso para o Ministério Público Federal (MPF) e aguarda um posicionamento do órgão. “Porém, até lá não queremos que ela assuma e já avisamos”, menciona o cacique. Eneas informa ter conversado com a comissão eleitoral antes das eleições. Pela explicação, a candidata única teria que superar os votos em branco para ser eleita. Por isso ficaram surpresos quando, após lançarem o resultado da votação, o sistema confirmou a eleição da professora. “Nós procuramos a comissão em Campo Grande. Eles admitiram que a pessoa que fez os lançamentos no sistema errou. Porém, disseram que dariam uma advertência para ela e nada mais fariam a respeito, ou seja, sinalizaram que apesar do erro, a professora iria assumir do mesmo jeito”, relatou. A comunidade deseja que a eleição seja invalidada e que seja realizado um novo pleito. Porém, a Secretaria de Educação, conforme os indígenas, não teria a intenção de tomar qualquer atitude neste sentido. O cacique critica a legislação estadual que exige eleição para diretores das escolas indígenas. Ele argumenta que atualmente são poucos os índios concursados na área da educação, de forma que em raras vezes, os candidatos a diretor são indígenas. Antes da lei, as comunidades indígenas indicavam os diretores das escolas. A escola oferece as séries iniciais, ensino médio e o EJA, no período noturno. Em 2015, estudaram no estabelecimento de ensino cerca de 430 alunos. A reportagem do Diário Digital tentou contato com a professora Nely de Souza, mas ela não retornou as ligações. Também foi feito contato com a Secretaria Estadual de Educação, porém, não houve retorno quanto aos questionamentos até a publicação desta reportagem.
